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Meus queridos, a postagem abaixo foi a última neste endereço. A partir de agora, meu blog (textos novos e antigos) estará no site do jornal O Diário. Acesse: odiario.com/blogs/luoliveira. Espero contar com vocês todos que já "passaram" por aqui! Beijo grande!!! LU - 08/09/10

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Talentos excepcionais


           Das muitas parábolas que Jesus contou, uma das mais conhecidas é a dos talentos. Ela se refere aos talentos que Deus nos confia e que, muitas vezes, não aproveitamos da forma correta.
            Não é isso que acontece com os arremessadores de bolinhas de papel. Esses abençoados, tão filhos de Deus quanto você, receberam este talento especial de arremessar bolinhas de papel e nem de longe pensam em enterrar suas habilidades em alguma cova.
            O arremessador de bolinhas de papel é um ser no mínimo instigante. Seu prazer deriva do fato de atingir pessoas com essa munição, embora isso seja uma atitude absolutamente pueril e irritante.
            Nem sempre o arremessador de bolinhas de papel é quem confecciona as bolinhas. Até por que seria muito talento para uma pessoa só: fazer as tão bem boladas bolinhas e, ao mesmo tempo, ter habilidade para arremessá-las.
            Por isso, existe o segundo escalão nesse processo, aqueles outros abençoados, tão filhos de Deus quanto você e quanto os arremessadores, que gastam seu suor para produzir as bolinhas, algo que requer, no mínimo, tempo. Mas se sabe que esse grupo é formado por pessoas que não têm muito que fazer na vida e que, portanto, podem gastar preciosos minutos fazendo as bolinhas, as quais variam de tamanho, às vezes até maiores que o cérebro de muita gente.
            A escola, em geral, é o habitat natural dos arremessadores de bolinhas de papel. Como eles mesmos é que pagam pelo papel, parece que sentem ainda mais prazer no arremesso. É claro que quando alguém vai pagar suas mensalidades não são feitas bolinhas de papel com as cédulas de dinheiro, mas essa é uma outra história...
            Naturalmente, o sucesso desses talentosos seres depende da platéia. São outros abençoados que, possuidores de um senso de humor bastante aguçado, racham o bico de rir em ver os arremessadores em ação.
            Pesquisas recentes mostram que vestibulares de conceituadas universidades do país já pensam em colocar em seus exames perguntas acerca desse, digamos, esporte, mania, doença, sei lá... Afinal, não há como negar que o mercado de trabalho precisa de profissionais que saibam, além de fazer bolinhas de papel, arremessá-las na cabeça do chefe.
            Uma sugestão para que o arremessador de bolinhas de papel aproveite seu talento é a participação no quadro “Se vira nos 30”, do Domingão do Faustão, arremessando o máximo possível de bolinhas de papel na cara da platéia; além disso, ele poderia também angariar algum dinheiro nos semáforos da cidade; que motorista, embasbacado com tamanho talento, negar-se-ia a doar algumas moedinhas?
             Apesar do sucesso dos arremessadores, dificilmente eles assumem seu talento em público. Normalmente um arremessador atribui a responsabilidade dos arremessos a outro ser da mesma espécie. É um processo curioso: os abençoados querem mostrar o talento, mas, talvez constrangidos em serem tão habilidosos enquanto tantos não conseguem nem mesmo fazer bolinhas, prefiram o anonimato, mesmo que isso pareça uma atitude covarde.
            O mais importante nessa história toda é que aprendamos algo muito valioso com todos aqueles que confeccionam e arremessam bolinhas de papel: não esconda seu talento em covas, mostre para o mundo o que sabe fazer de melhor. Aliás, mostre para o mundo a única coisa que você sabe fazer direito: bolinhas de papel.

                                                          







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