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Meus queridos, a postagem abaixo foi a última neste endereço. A partir de agora, meu blog (textos novos e antigos) estará no site do jornal O Diário. Acesse: odiario.com/blogs/luoliveira. Espero contar com vocês todos que já "passaram" por aqui! Beijo grande!!! LU - 08/09/10

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Geração do "tanto faz"


 Assusto-me, como mãe e como educadora, com esta geração que está por aí: nas salas de aula, nas praças de alimentação dos shoppings, nas esquinas das escolas, nas famílias, enfim, a meninada que tem entre 10 e 14 anos, mais ou menos. Crianças, pré-adolescente, adolescentes, não importa muito a nomenclatura. O que ando constatando é que, para a maioria deles, a resposta que mais se adapta a qualquer tipo de situação é: “tanto faz”.

            Sendo professora de língua portuguesa, naturalmente corrijo meus filhos sempre que eles comentem alguma infração, principalmente as mais gritantes. “Eu vou ir”, por exemplo, é uma das frases que me faz pular da cadeira. “Eu vou, filho, o correto é Eu vou”.

Ah, mãe, tanto faz!” – Quando ouvi essa resposta pela primeira vez, até que deixei passar. Mas na segunda, disparei: “Então, quando formos a uma sorveteria, tanto faz você escolher sorvete de chocolate ou de kiwi; na pastelaria, tanto faz frango com catupiry ou abobrinha com pimentão.”

Parece que essa onda do “tanto faz” se alastra, de forma rápida. O professor pediu um trabalho? Tanto faz que haja dedicação ou que eu faça na véspera, enquanto assisto à novela. Preciso entrar em uma sala depois de a aula ter começado? Tanto faz pedir licença ou entrar ignorando a figura do professor. Um trabalho de pesquisa para fazer? Tanto faz ler e reescrever com minhas palavras antes de imprimir ou simplesmente “copiar e colar”. Fiquei com nota vermelha? Tanto faz... O importante é passar de ano. Preciso ler um livro? Tanto faz lê-lo na íntegra ou ler o resumo.

Sei que não posso comparar a minha geração com a de agora. Seria muito senso comum para uma educadora. Mas tenho saudades de um tempo em que nos envolvíamos de verdade com o universo escolar. Não pensávamos apenas na nota; ela era uma consequência dos nossos esforços.

Queríamos (a maioria, pelo menos) aprender, desejávamos, mesmo ainda crianças, ser melhores do que éramos; era bom reconhecer e valorizar o trabalho dos nossos professores, a dedicação de nossas famílias.

Muitos dirão: “acostume-se; hoje tudo isso é normal”. Não concordo. Falta de educação, de respeito, de empenho com aquilo que fazemos nunca será “normal”. No máximo, “comum”, ou seja, acontece com frequência.

Mas não tenho que me acostumar com isso. Se escolhi fazer a diferença na vida das pessoas, preciso reunir forças para contribuir com meus alunos e fazer dos meus filhos pessoas comprometidas.

           Ou será que tanto faz essas vidas passarem por nós e não fazermos nada?

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